segunda-feira, 26 de julho de 2010

Rios Mundaú e Paraíba




Renascer dos escombros

Desde a infância acompanho as cheias dos rios Paraíba e Mundaú quase sempre no inverno quando festejava o São João em Viçosa, terra natal do José Carnaúba meu saudoso pai. O acesso era de trem porque um atoleiro contínuo cobria as rodovias, o Mundaú inundava Satuba e o Paraíba urrava na cidade de Atalaia onde havia uma ponte precária várias vezes destruída pelas enxurradas.

O tempo passou, o progresso chegou, as matas sumiram, os rios caudalosos o ano inteiro minguaram, plenos de areia e lixo. Vez em quando novas cheias ocorrem com intervalo semelhante à ocorrência de secas, 8 a 10 anos.

As cidades ribeirinhas cresceram sobre margens secas, e dezenas de cidades são afetadas quando o rio ocupa um espaço que não lhe pertencia – era da mata – tudo destrói, e o homem reconstrói no mesmo lugar, nesse vai-vem de destruição.

Dessa vez foi diferente, houve um fato novo em situação atípica e atrevo-me, como pesquisador de semi-árido, a explicar o desastre por uma linha de lógica ainda não abordada.

O verão no Agreste foi atípico e os açudes e barragens não secaram mantendo os níveis de água em meia altura e mais alto em várias regiões. No Agreste de Pernambuco chuvas de trovoadas ocorrem há meses, sem reflexos nos rios alagoanos porque ali existem milhares de pequenos e médios açudes e barragens que seguraram a água e vários sangraram.

Surgiu, então, um fenômeno climático retratado pela onda de calor, e temperatura mais alta do oceano, que perdurou durante meses em toda a região de Alagoas e Pernambuco. Desde o início da semana trágica uma onda de ar aquecido fluía do oceano com muita umidade e se espraiava sobre a região.

No dia 17 um distúrbio atmosférico que os meteorologistas chamam de Onda de Leste disparou o gatilho ao adentrar no continente, o ar aquecido subiu gerando nuvens pesadas que se transformaram em chuvas torrenciais sobre o agreste de Pernambuco e de Alagoas. 180 litros de água por metro quadrado em um só dia é a chuva de um mês inteiro.

Açudes e barragens já quase cheios verteram água em excesso para todos os rios da região, e escoaram em grande velocidade gerando ondas nas cachoeiras e as inundações cujos rastros de destruição estão visíveis. Foi isso. Nada a ver com rompimentos de barragens que continuam lá, ainda vertendo água tão amarga quanto às lágrimas derramadas pelo nosso povo.

Reflorestar as margens ciliares, sim! Impõe-se! Reconstruir cidades, sim! Planejar é a missão da engenharia, mas fora das áreas de risco delimitadas pelas cruzes que serão fincadas in memoriam dos que se foram.
MARCOS CARNAÚBA : engenheiro civil e consultor./GAZETA DE ALAGOAS

Diante do que o engenheiro Carnaúba ,diz no blog http://sosriosdobrasil.blogspot.com/...

Eu pergunto:o que a gestão pública ,precisa fazer para evitar que novas castátrofes aconteçam nestas cidades ?
A verba pública, que irá para socorrer estas regiões, precisa ser bem gerenciada, para que primeiramente, a população não ocupe os mesmos espaços e que sejam assistidos dignamente nesta situação emergencial. Mas em se tratando do poder público, tudo é muito complicado e precisaria vontade política, técnicos e engenheiros bem preparados, com pulso forte, para conduzir estes trabalhos na certeza de minimizar problemas futuros.
Foi diagnosticado e todos concordam sobre a origem das inundações.
O que a população precisa saber,é quando,como e onde as ações serão realizadas, para que os cidadãos estejam protegidos,quanto a estes fenômenos metereológicos pelo qual estamos sujeitos.
É preciso antes de tudo que a natureza seja respeitada, para que as águas possam fluir e se infiltrarem naturalmente na terra e que o homem busque cada vez mais viver de maneira sustentável, pois estamos vendo a todo momento, que a conta a pagar ,está sendo muito mais alta do que os lucros obtidos com emprendimentos insustentáveis."Se não aprendermos com amor será pela dor" ...
Comentado por LeilaMartins